sábado, 29 de maio de 2010
REPENSAR AS SITUAÇÕES DE APRENDIZAGEM: o fazer e o compreender
Piaget foi a gênese e a evolução do conhecimento, daí originando as teorias sociointeracionistas, elaboradas por diferentes autores como Freire (1970), Vygotsky (1991), Wallon (1989), e que entendem o conhecimento como algo que é construído pelo sujeito, em interação com o mundo dos objetos e das pessoas.
Embora estas teorias entendam o conhecimento como fruto da interação com o meio, faz-se necessário compreender e questionar a especificidade desta interação.
Fazer e compreender
Os processos de ensino-aprendizagem ainda são muito baseados na ideia de que o aluno demonstra que aprendeu se ele é capaz de aplicar com sucesso as informações adquiridas. Porém, o fato de ele ser bem-sucedido não significa necessariamente que ele tenha compreendido o que fez. Piaget observou que há uma diferença entre o fazer com sucesso e o compreender o que foi feito.
A solução para uma educação que prioriza a compreensão é o uso de objetos e atividades estimulantes para que o aluno possa estar envolvido com o que faz. Tais alunos e objetos devem ser ricos em oportunidades, que permitam ao estudante explorá-las e, ainda, possibilitar aberturas para o professor desafiá-lo e, com isso, incrementar a qualidade da interação com o que está sendo feito. Uma solução que tem sido bastante explorada atualmente é a educação por meio de projetos educacionais.
O educador deve estar preparado e saber intervir no processo de aprendizagem do aluno, para que ele seja capaz de transformar as informações (transmitidas e/ou pesquisadas) em conhecimento, por meio de situações-problema, projetos e/ou outras atividades que envolvam ações reflexivas. O importante é que haja um movimento entre estas duas abordagens pedagógicas de forma articulada, propiciando ao aluno vivenciar o fazer e o compreender e, consequentemente, a (re)construção do conhecimento.
PROJETO: uma nova cultura de aprendizagem
PUC/SP, Julho, 1999
Para desenvolver a prática pedagógica por meio de projetos precisamos conceber a forma envolvendo o aluno, o professor e os recursos disponíveis, inclusive as novas tecnologias e as demais interações entre os seus elementos, propiciando o desenvolvimento da autonomia do aluno e a construção de conhecimentos das diversas áreas do saber, através de busca, compreensão, representação de informações significativas e resolução de uma situação problema, criando um ambiente para promover a interação entre todos os elementos.
Esta nova cultura de aprendizado é uma mudança radical que deve tornar a escola capaz de:
- atender às demandas da sociedade;
- considerar as expectativas, potencialidades e necessidades dos alunos;
- criar espaço para que professores e alunos tenham autonomia para desenvolver o processo de aprendizagem de forma cooperativa, com trocas recíprocas, solidariedade e liberdade responsável;
- desenvolver as capacidades de trabalhar em equipe, tomar decisões, comunicar-se com desenvoltura, formular e resolver problemas relacionados com situações contextuais;
- desenvolver a habilidade de aprender a aprender, de forma que cada um possa reconstruir o conhecimento, integrando conteúdos e habilidades segundo o seu universo de conceitos, estratégias, crenças e valores;
- incorporar as novas tecnologias não apenas para expandir o acesso à informação atualizada, mas principalmente para promover uma nova cultura do aprendizado por meio da criação de ambientes que privilegiem a construção do conhecimento e a
comunicação.
O professor que trabalha com projetos de aprendizagem respeita os diferentes estilos e ritmos de trabalho dos alunos desde a etapa de planejamento, escolha do tema e respectiva problemática a ser investigada. Não é o professor quem planeja para os alunos executarem, ambos são parceiros e sujeitos de aprendizagem, cada um atuando segundo o seu papel e nível de desenvolvimento.
O professor é o consultor, articulador, mediador, orientador, especialista e facilitador do processo em desenvolvimento pelo aluno. A criação de um ambiente de confiança, respeito às diferenças e reciprocidade, encoraja o aluno a reconhecer os seus conflitos e a descobrir a potencialidade de aprender a partir dos próprios erros.
Da mesma forma, o professor não terá inibições em reconhecer seus próprios conflitos, erros e limitações e em buscar sua depuração, numa atitude de parceria e humildade diante do conhecimento que caracteriza a postura interdisciplinar.
A partir de uma mudança pessoal e profissional é que se começa a refletir sobre a mudança da escola para uma escola que incentive a imaginação criativa, favoreça a iniciativa, a espontaneidade, o questionamento e a inventividade, promova e vivencie a cooperação, o diálogo, a partilha e a solidariedade.
Mas, para transformar o sistema educacional é preciso que essa reciprocidade extrapole os limites da sala de aula e envolva todos que constituem a comunidade escolar: dirigentes, funcionários administrativos, pais, alunos, professores e a comunidade na qual a escola encontra-se inserida.
quinta-feira, 27 de maio de 2010
ENSINAR E APRENDER COM O COMPUTADOR: a articulação inter-trans-disciplinar
A introdução dos computadores no processo de ensino e da aprendizagem traz em seu bojo a questão da mudança da escola e da atuação do professor.
Nesse contexto, professor e alunos possuem autonomia para desenvolver o ensino aprendizagem de forma cooperativa, com trocas recíprocas, respeito mútuo e liberdade responsável.
As novas tecnologias, as TICs são usadas para expandir o acesso à informação atualizada e principalmente promover de ambientes de aprendizagem que privilegiam a construção do conhecimento, a comunicação e a inter-relação entre as disciplinas.
Tudo isso implica em um processo de investigação, representação, reflexão, descoberta e construção do conhecimento no qual as novas tecnologias (softwares), são empregados de acordo com os objetivos da atividade. Porém, para instigar, desafiar o aluno a buscar construir o conhecimento com o computador, o professor precisa ter conhecimento do que os recursos disponíveis oferecem em termos de ferramentas e estruturas.
O professor tem a oportunidade de vivenciar distintos papéis, como o de aprendiz e observador de outro professor e de mediador com seus alunos.
COMO SE TRABALHA COM PROJETOS
O trabalho com projeto permite romper com as fronteiras disciplinares, favorecendo o estabelecimento de elos entre as diferentes áreas do conhecimento numa situação contextualizada de aprendizagem. No entanto, muitas vezes é atribuído valor para as práticas interdisciplinares, de tal maneira que passa a negar qualquer atividade disciplinar, o que constitui uma visão equivocada. Fazenda (1994) enfatiza que a ação interdisciplinar fortalece as disciplinas sem que haja perda da identidade das mesmas.
Trabalhar com projetos significa explicitar uma intencionalidade em um plano flexível e aberto ao imprevisível. O plano é a espinha dorsal das ações que se complementam no andamento das investigações e descobertas que não se fecham a uma única área do conhecimento e tornam permeáveis suas fronteiras.
Conforme ALMEIDA, Maria Elizabeth, não se deve confundir atividade temática com projeto. Deve-se antes de tudo negociar e conquistar os alunos para o tema do trabalho, eles são sujeitos da aprendizagem e os professores, seus parceiros.
Projeto é um design, um esboço daquilo que desejo atingir. Está sempre comprometido com ações, porém deve ser aberto e flexível ao novo, às mudanças, reformulá-lo de acordo com as necessidades e interesses dos envolvidos. O aluno deve ser sujeito da sua aprendizagem, ativo e autônomo para criar.
INTERDISCIPLINARIDADE - Refletindo sobre algumas questões
O trabalho por projeto caracteriza-se por uma situação de aprendizagem abrangente, que potencializa a interdisciplinaridade e a transversalidade. Para o aluno pesquisar e estudar sobre um tema, uma problemática ou questão de investigação ele precisa estabelecer relações significativas entre conhecimentos de áreas distintas.
A Interdisciplinaridade é a integração de dois ou mais componentes curriculares na construção do conhecimento de forma global, ou seja, rompendo com os limites das disciplinas. Para isto é necessário desenvolver uma postura interdisciplinar diante do conhecimento, que envolve mudança de atitude, de inclusão; superando a dicotomia entre ensino e pesquisa, a prática e a teoria. (FAZENDA, 1998).
A transversalidade pode potencializar situações que valorizam as relações humanas e sociais mais urgentes. Trabalhar transversalmente é permitir que o aluno aprenda conteúdos disciplinares na resolução de problemas de forma contextualizada e entendendo a problemática social e as possibilidades de soluções para os problemas sociais.
O trabalho por projetos permite romper com as fronteiras disciplinares, favorecendo o estabelecimento de elos entre as diferentes as diferentes áreas do conhecimento numa situação contextualizada de aprendizagem.
O conhecimento específico - disciplinar - permite que o aluno compreenda e reconheça as particularidades de um determinado conteúdo e o conhecimento integrado - interdisciplinar - possibilita estabelecer relações significativas entre o conhecimento. Ambos se realimentam e um não existe sem o outro.
Existe na interdisciplinaridade um tipo de interação entre as disciplinas ou áreas do conhecimento. Conforme Japiassú (1976) pode ocorrer em diferentes níveis como multidisciplinaridade, pluridisciplinaridade, interdisciplinaridade e transdisciplinaridade.